17 de abril de 2009

TUDO POR UM HÍMEM


O fato ocorreu na França e há dias vem sendo debatido no país. Um casamento entre muçulmanos foi anulado porque o noivo descobriu que a noiva não era virgem. E o pior foram as circunstâncias. O noivo, um engenheiro, não constatou a não-virgindade da noiva, recorreu a uma auxiliar de enfermagem, antes do final da festa. O casal tinha se retirado pra viver sua noite de núpcias, mas os convidados ainda estavam todos ali. Ao descobrir que tinha sido enganado voltou e anunciou pra todos os convidados que iria pedir a anulação do casamento porque a noiva tinha mentido sobre sua virgindade. Foi o que ele fez: recorreu à justiça e ganhou a causa.

Por essas e outras, as muçulmanas educadas na Europa têm recorrido a cirurgia de reconstituição do hímen. Convivendo diariamente com uma cultura liberal, elas acabam adotando o comportamento sexual das européias, mas, na hora de se casar com um muçulmano (ainda que, ele também tenha sido educado na Europa), a não-virgindade vira uma ameaça. A saída é recorrer aos cirurgiões plásticos e voltar pra casa com o hímen reconstituído. Ou seja, a vida de casados começa com uma mentira, o que é péssimo começo para o que for. Mas, ou a noiva mente ou ela corre o risco de ser espancada, humilhada, quando não morta, pelo noivo ou por sua própria família. E dizem que nós, mulheres, agora somos livres…

A liberdade ainda é um conceito (e uma prática) tão complicados pro sexo feminino que tem mulheres, em tese livres, fazendo a mesma cirurgia das muçulmanas só pra aumentar o prazer dos seus parceiros. Numa matéria que li ontem na internet, um cirurgião francês que tem operado as muçulmanas alega que o pior é o que fazem seus colegas americanos: segundo o francês, nos Estados Unidos muitas mulheres reconstituem o hímen como presente de Dia dos Namorados pro companheiro. Ou seja, em vez da camisa, do livro ou do CD, elas “adquirem” um hímen novo, ainda que isso envolva todos os riscos de uma cirurgia.

É, feministas, vocês fizeram sua parte. Mas acho que nunca imaginaram que iria demorar tanto pra nós, mulheres, conquistarmos a liberdade de fato. Um dia a gente ainda chega lá. Um dia...no dia em que nós mesmas descobrirmos o nosso valor.

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